terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Começando a Caminhar

Pros que caminharam junto . . . pros que chegaram cedo . . . ou que dormiram demais . . . ou que viraram a noite e foram treinar . . . que perderam treino por preguiça . . . que enfrentaram chuva, vento, inundação, tremor de terra, calor, sol, engarrafamento, copa no Japão, tontura, febre, fome, sede ou simplesmente boiolice . . . pr’aqueles que curtiram distensão, torção, pescoção, quebramento, dor daqui e dali . . . teve gente que foi só pro mate, ou pr’um café, pra comer pão de queijo, pãozinho quente de manhã, ou pr’uma conversa na esquina ao final do dia . . . teve fofoca, teve papo cabeça, papo sem pé nem cabeça, “surtamento”, filosofia, delírio e abobrinha (de muito bom gosto!) . . .. . . teve gente que só reclamou . . . mas teve também quem tudo curtiu . . . teve gente que depois do treino não tomou banho e trocou de roupa . . . teve gente que tomou banho e vestiu a mesma roupa . . . teve gente que esqueceu calça, camisa, sapato, cueca e calcinha . . . até hj não sei se foi pra casa pelado! . . . teve gente que suou muito, demais, torneira aberta (será que foi xixi?) . . . que molhou o chão, que rolou no chão só pra perturbar . . . que não se perfumou . . . que riu e que chorou . . . que ficou bravo, irritado, cansado, alegre, acabado, feliz . . . que, depois de 500 abdominais, ficou com dor nas costas, nas pernas, no pescoço . . . que no dia seguinte não conseguiu andar, dor nas pernas, nos pés, nas costas, nos braços, no pescoço, nas orelhas, no nariz, na bunda, na mão, no pensamento . . . doía tudo que tinha direito . . . e o que tinha esquerdo também . . . doía o que podia e o que não podia . . . até parecia caso de velhice . . . mas que nada, no geral eram só frescuras . . . de vez em quando um vento fresco . . . geralmente ventava quente . . . . ventilador? Só se for pra assar!. . . horas, dias, meses, anos de muito suor . . . de muito bom suor . . . “é bom suar madame!” . . . bom dia! . . . boa tarde! . . . boa noite! . . . teve gente que perdeu os modos . . . teve gente que nunca teve . . . teve gente que aprendeu os modos . . . “ni hau ma!” . . . “tche kim!” . . . “é assim que se escreve, professor?” . . . “não sei, só sei que assim é bom falar!” . . . falar e suar . . . contar em chinês abrasileirado . . . em cantônes com xiado . . . contar cansado . . . perder as contas de tanto chutar . . . quantos chutes pra dar? . . . alguém contou? . . . teve quem foi chutado, que deu soco e foi socado, levou cabeçada, arranhada, porrada cotovelada, pisada, bundada, joelhada, cusparada e babada . . . de tudo teve um pouco . . . teve gente de todo tipo . . . só não teve santo baixando . . . cada qual com seu particular pra contar . . . dedo quebrado, costela fissurada, pé torcido e até unha encravada (isso dói!) . . . teve quem foi costurado . . . engessado também teve . . . teve muito pulo, salto, cambalhota, polichinelos . . . pra descansar, mais chutes, mais socos, mais abdominais . . . e pra quem tava cansado um pouco de “mapu”, um pouco de “kunpu”, um tanto de não sei mais qual pu . . . cansou? . . . só mais um pouco! Agüenta firme! Mantêm!!!!! . . . teve charuto . . . do bom e do barato . . . teve chá e teve cerveja . . . também teve “pum” (teve sim! confesse quem fez!) . . . novos amigos . . . gente boa, gente chata, gente suada (todos!), gente, gente, gente é tudo igual, descalço, sujo e suado, todo rei vira mendigo . . . daí é que fica bom . . . ia me esquecendo: também teve “kati” . . . a parte mais divertida . . . ensinar, aprender, esquecer, não lembrar, se odiar por não saber onde foi parar . . . onde foi parar? . . . parou? Estacionou? Ficou no lugar? Congelou? . . . ficar feliz por algum amigo ajudar a lembrar. . . sapoti . . . poussam . . . róchuam . . . limpochão . . . tam tam tam tui! . . . é cada nome . . . andar de quatro, de cabeça pra baixo, igual macaco, tigre e jacaré . . . aranha, hipopótamo e sapo . . . de cada pessoa, um rosto, um amigo, uma vivência . . . convivência . . . batendo braço, dando canelada, é braço com braço, canela com canela, canela com braço, braço com canela . . . no final é um “bafinho de dragão” . . . foi a Evelyn quem inventou . . . misturou uns troços esquisitos e deu pra gente passar no braço . . . na canela . . . onde der e vier . . . no cangote! . . . quem levou sabe que arde . . . e como arde . . . mas depois de pancada, é o que há de melhor . . . santo remédio! . . . mas pra estresse, cansaço, o bom mesmo é empurrar . . . empurrar e jogar no chão . . . quem caiu sabe como é bom . . . melhor ainda jogar no chão . . . cair e levantar . . . chutar e socar . . . bater e apanhar . . . pular, saltar, chutar, empurrar, levantar, rolar, fazer pirueta, dar salto mortal . . . se concentra . . . vai! . . . confia e vai . . . se arrasta pelo chão . . . cada movimento um aprendizado . . . cada aprendizado um universo . . . compartilhado!!!!!
(Porto Alegre / dezembro 2006)

5 comentários:

Renato Coimbra disse...

Essa história de rolar suado no chão de sacanagem não é nenhuma referência à minha adiposa pessoa, ?


:D

Mari B. disse...

Gostei, gostei muito.
Me senti fazendo parte e deu a maior saudade. =)

Beijocas, Mari

José Carlos Garcia disse...

Muito legal, Marcelo, ficou beleza. Tem de incluir uns videozinhos do treino... hehehehe... e quanto aos nomes, um por um, agora já sabemos o que tanto o Marcelo anotava no final das aulas, naquelas fichinhas de professor de antropologia dele... fazia estudo de caso...

Zeca

André disse...

Treinarrr...
Kungfu + amizade = mas q combinação maravilhosa, né nao, Mrcelao !?!?!?...

Tu ta ficando baumn nestes teus escrivinhamentos...
:P

Abraçao meu amigo...

André

GIROH O MUL ESCRAVO disse...

tá aí, brother, é muito bom se reconhecer, reconhecer tanta gente amiga e saber que agente mesmo foi reconhecido e lembrado nesse texto. Pqp eu sou um chorão mesmo cara, mas essa saudade é boa, a saudade do que foi e que te mudou pra melhor. Vc pode ter certeza que entre um soco e um chute se acaba crescendo e como. Valeu brother mandou bem pra caramba, agora vou ler o outro.